As máscaras são fundamentais para se proteger do Coronavírus e, desde o dia 7 de maio, se tornaram obrigatórias em todo o Estado de São Paulo. No entanto, algumas pessoas se queixam de dor no maxilar ou limitação dos movimentos ao falar, e se perguntam se há relação com o novo acessório.
“Eu já tinha bruxismo antes da pandemia, mas eram episódios menos frequentes. Aumentaram agora e acredito que seja devido à mudança repentina da rotina e a ansiedade por não termos conhecimento do impacto e consequências da pandemia em relação à nossa saúde, da nossa família e dos nossos amigos. Esse conjunto de fatores é um pouco estressante”, conta a analista de Sistemas Camila Galli
Ela ainda destaca que acorda no meio da noite e pela manhã pressionando a arcada dentária superior e inferior, além de passar o dia com o maxilar dolorido e com dores de cabeça.
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Do ponto de vista odontológico, não existe qualquer contraindicação e o incômodo tende a ser causado pelo cansaço na região, mas é bom ficar atento, pois se o desconforto está acima daquilo que o próprio indivíduo considera normal, pode estar vinculado a problemas como o bruxismo.
De acordo com cirurgião-dentista da Quallis Odontologia Wagner Nascimento, as máscaras criam resistências naturais nas pessoas porque elas não estão habituadas a usar, o que explica a sensação incômoda na boca.
“Ao fazer mais força ao falar, é normal que sentir mais cansaço no maxilar. Para efeito de comparação, é como praticar exercícios físicos sem estar acostumado. Além disso, algumas máscaras colocam a mandíbula um pouco para trás quando estamos em repouso, o que aumenta a sensação de cansaço ao fim do dia”, diz o especialista, reforçando que isso não é um impeditivo para o seu uso contínuo. “Elas devem ser utilizadas sempre e a tendência é que, rapidamente, todos se acostumem”, complementa.
Ele destaca ainda que é preciso ficar atento a dores faciais intensas, musculatura travada, limitação de movimentos e dificuldade para atividades simples e corriqueiras, como a abertura da boca e mastigação. “Em razão do momento que a sociedade vive, é notório o aumento de hábitos parafuncionais, que são manias que nem nos damos conta, como por exemplo, apertamento dental diurno ou noturno e o bruxismo, provocando um desgaste dos dentes. Nem sempre os sinais são perceptíveis e muitas vezes só são notados quando a dor começa. Por isso, se houver um desconforto além do que a pessoa considere normal, um cirurgião-dentista deve ser procurado”, afirma Nascimento.
O profissional reitera a necessidade de uso das máscaras artesanais ou de pano para conter o avanço da Covid-19. “Quem não está na linha de frente, que não é da área de saúde, pode usar uma máscara de pano, que também protege. No site do Ministério da Saúde há dicas de como fazer a sua. Informe-se e lembre-se de colocar corretamente, cobrindo o nariz e a boca. É um cuidado consigo e com todos ao seu redor”, completa.
Para o caso de Camila, o cirurgião-dentista recomenda a placa de tratamento para bruxismo, que será entreposta entre as arcadas e apoiada em uma delas. A placa terá a função de proteger os dentes e promover relaxamento da musculatura através da melhora na posição da mandíbula. Outra possibilidade, caso não haja melhora significativa com o uso da placa, será a aplicação de toxina botulínica em alguns músculos da mastigação.