Com cerca de 5 mil habitantes, Montesserate é uma antiga freguesia, um bairro da cidade de Viana do Castelo, ao norte de Portugal.
Divulgação/ Arquivo Pessoal
Com cerca de 5 mil habitantes, Montesserate é uma antiga freguesia, um bairro da cidade de Viana do Castelo, ao norte de Portugal.


Depois de quase três meses em gestação, nasceu em 29 de julho a Exposição da Freguesia de Monserrate, da fotógrafa Beatriz Ramirez e da ilustradora Carolina Gaessler, montada em formato de lambe-lambe. O projeto das duas santistas foi selecionado em um concurso da Prefeitura de Viana do Castelo, no norte de Portugal, está exposto nas ruas da cidade com gente do bairro.

“Foi um tempo de muita pesquisa e de muitas descobertas, pois mesmo vivendo nesta freguesia há dois anos, sinto que consegui aprofundar meus laços e integrar‐me mais com as pessoas da comunidade desde que comecei a fotografá‐las”, revela a fotógrafa santista Beatriz Ramirez.

Com a vontade de realizar algo para essas pessoas, personagens do trabalho, as artistas tiveram a ideia de expor as imagens nas ruas e, mais precisamente, na região em que elas trabalham ou vivem. Foi a maneira de fazer com que elas pudessem enxergar a beleza que existe nesta mistura de etnias, nas rotinas supostamente banais e em si próprias.

A ideia inicial, baseada na proposta de edital da Câmara de Viana do Castelo, era registrar o período de isolamento social devido à pandemia dacovid-19 e como isso afetou a vida dos moradores. Uma vez iniciada a jornada de busca dos rostos a serem fotografados, Beatriz começou a perceber melhor as nuances de sua freguesia.

Ficou atenta aos sons que ouvia da sua janela, como o homem que tocava concertina, à rotina das pessoas que tentavam manter o mínimo de normalidade em meio ao caos de uma pandemia, aos trabalhos tão únicos que são realizados na zona portuária, alguns já quase caindo em esquecimento.

“Assim, lentamente, o projeto começou a ganhar mais corpo e mais vida, muito devido ao grande envolvimento e abertura que senti por parte da comunidade e dos fotografados, como se a fotografia fosse a linguagem, a ponte, ou o caminho que encontrei para comunicar‐me com pessoas que via diariamente”, diz Beatriz.

IMAGINÁRIO

Neste momento, Beatriz convidou a amiga, também santista, Carolina Gaessler, que, como ilustradora, acrescentou o imaginário, o encanto e os sonhos que ficaram incubados durante a quarentena. Foi a maneira que as duas artistas encontraram de revelar a parte que ficou guardada ou invisível neste período tão longo de isolamento. A maneira de ressaltar e de brincar com a felicidade e com a beleza em um momento em que o medo e a solidão poderiam estar predominantes. A exposição permanecerá nas ruas até 30 de setembro.

DE UM PORTO PARA OUTRO

As artistas deixaram Santos e foram se aventurar em outro porto, no hemisfério norte. Ainda em Santos, Beatriz trabalhou como fotógrafa de 2011 a 2017 e também como produtora no Festival Valongo e como assistente de impressão no ECO- Encontro de Coletivos Ibero-americanos. Foi para Portugal para experimentar a vida lá com seus filhos, que hoje são atletas.

Nascida e criada em Santos, Carolina teve suas primeiras experiências com o mundo das artes na escola, onde adorava criar e compor os cenários e figurinos para os festivais de teatro. Trabalhou na área de criação de agências de publicidade santistas, teve uma marca de camisetas, e atuou como freelancer. A ilustradora acredita que sua principal influência artística veio, além da família, do universo do ballet santista, em que cresceu e formou-se. A decisão de ir para Portugal se deu devido ao amor que tem por viajar e conhecer novas culturas.

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