“Impossível definir em uma única frase”; “falta de inteligência”; “periféricos” e “mecânica institucional”. Estes são alguns dos pensamentos de quatro moradores que vivem na Baixada Santista sobre racismo. Ericah Azeviche, Renato Servo R, Bruna de Souza Santos e Débora Camilo participam do vídeo documentário “ Racismo 013 ”.

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Patrocinado pela lei cultural e federal Aldir Blanc, por meio do concurso Alcides Mesquita, realizado pela prefeitura de Santos, a produção trata sobre o racismo e como o comportamento afeta a vida da população negra no DDD 13. O vídeo estreia 16 de maio , domingo, no YouTube no canal oficial .

Os entrevistados - o que pensa cada um?

Para Ericah Azeviche, assessora parlamentar e moradora de Praia Grande, “a hora da morte da população negra no Brasil é a cada segundo”. Também destaca que o povo preto continua vivendo uma ditadura militar. A assessora parlamentar acredita que o antirracismo também tem sido usado, por alguns, como um acessório: “A gente começa a perceber a ideologia antirracista consumida enquanto um produto, um adesivo ideológico. Você usa aquela ideologia, estabelece como uma fala com aquele pensamento e, depois, descarta”.

Enquanto percorre atrás do sonho de viver da carreira de modelo fotográfica, Bruna de Souza Santos, moradora de Cubatão, ajuda a mãe a construir a casa do irmão e trabalha como servente de pedreiro. Além de lidar com o racismo, também enfrenta diariamente o preconceito por ser mulher trans. No vídeo, Bruna relata a grande dificuldade para conseguir um emprego com carteira registrada: “Além de eu ser preta, eu sou trans. Uma vez fui entregar currículo numa loja que tem em todo o Brasil. A gerente olhou meu cabelo e ficou ‘tipo não’. Depois, olhou pra mim e perguntou meu nome de registro. Teve outra vez que eu estava com as tranças e a moça falou que não aceitava meu tipo de cabelo”.

O rap cruzou com a vida de Renato Silva bem cedo. Artisticamente conhecido como Servo R, o músico, morador de São Vicente, e que tem uma história no rap da Baixada Santista, diz que “o negro tem buscado o espaço dele, o preto tem conquistado espaço de uma forma diferente”. Renato já trabalhou no Porto de Santos e chegou a ser supervisor de bagagens. Quando questionado onde havia mais negros, no ensacamento ou nos cruzeiros, ele é categórico: na sacaria.

Por fim, a atual vereadora em Santos, Débora Camilo, tem uma bela imagem de Marielle Franco na parede do escritório na Câmara Municipal. É uma imagem de resistência e de cobrança por justiça. Além de relatar as dificuldades vividas como mulher preta até chegar ao Legislativo, ela diz que a luta por oportunidades iguais ainda continua e que o caminho é longo: “a maior parte da população negra de Santos, está na Zona Noroeste, nos morros, na periferia”.

O objetivo

Amplamente discutido nestes últimos anos, o racismo não velado e velado, o chamado de racismo estrutural, precisa ser discutido a nível mundial e, mais que isso, regional. Reconhecer situações de privilégios, refletir como o equilíbrio é importante e como a desigualdade social e racial se cruzam é extremamente necessário. Misael Mainetti, idealizador do projeto e também diretor do vídeo fala uma reflexão que criou a partir do projeto: “Com uma das entrevistadas, percebi que está na moda falar sobre antirracismo; a gente passa a usar isso como um acessório. Mas, na prática, será que realmente lutamos por oportunidades iguais para pretos e brancos?”, questiona ele que é branco. Para Bruno Almeida, diretor e produtor do vídeo, “o racismo impede a maioria da população brasileira de ter oportunidades, acesso a serviços, respeito, dignidade. E a região tem um pensamento elitista, inclusive a questão racial. Um documentário sobre o tema vai ser sempre relevante e atual”. “Racismo 013” tem cerca de 27 minutos e foi gravado na Vila dos Pescadores em Cubatão, na Câmara Municipal de Santos e na cidade de Praia Grande – num estúdio de música e na orla da cidade. A produção, que começou em meados de dezembro de 2020, terminou em março deste ano.

A equipe

Bruno Almeida: 26 anos, atuou como diretor e produtor. Cinéfilo, é jornalista pela Universidade Católica de Santos, especialista em Direitos Humanos pela PUC do Paraná e atualmente coordenador de produção na Record TV Litoral de Santos, atua em produções locais como Balanço Geral Litoral e SP Record e nacionais como Jornal da Record e Fala Brasil.

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Indianara Campos: 31 anos, roteirizou o documentário. Graduanda em Relações Internacionais, jornalista formada pela Universidade Federal de Juiz de Fora e especialista em jornalismo multiplataforma pela mesma, atualmente trabalha como produtora na Rede Globo em São Paulo. Completou parte da graduação no Instituto Politécnico de Setúbal e Universidade de Lisboa, em Portugal, onde também atuou como repórter.

Misael Mainetti: 31 anos, atuou como coordenador, produtor e diretor de Racismo 013. Jonalista formado pelo Centro Universitário Unifae de São João da Boa Vista, especializando em Cinema e Produção Audiovisual pela Estácio, atualmente é repórter e apresentador na Record TV Litoral onde participa dos telejornais e programas locais e de rede como Fala Brasil, Jornal da Record e Domingo Espetacular. Também foi assistente de chefia de reportagem na afiliada Globo EPTV São Carlos onde produzia reportagens para os jornais locais e de rede como Jornal Nacional, Bom Dia Brasil, Fantástico e vários produtos da casa.

Raphael Xavier, 34 anos, editou o vídeo. Formado em Rádio e TV, atua na área de edição e finalização de áudio e vídeo há mais de 10 anos. No currículo, a montagem dos mais diversos formatos audiovisuais como documentários, making of, vídeo aulas, videoclipes, programas de TV, reportagens televisivas, curta-metragens etc.

Raquel Ferreira dos Santos Diniz: 34 anos, formada em Administração de Empresas pela Fadisc em São Carlos, é assistente de administração na Universidade Federal de São Carlos, a UFSCAR.

Carlos Cruz: 47 anos, atuou como cinegrafista em três das quatro entrevistas. É dono do Canal5WebTV Produtora Audiovisual. Jornalista, repórter cinematográfico, atualmente é freelancer pela TV Bandeirantes no litoral paulista.

Giovani Sousa: 52 anos, auxiliou uma das gravações junto ao Canal5WebTV. É editor, cinegrafista e freelancer.

Rafael Pivato:, 22 anos, foi cinegrafista de uma das gravações. Formado em Cinema e Audiovisual pela Faculdade São Judas Tadeu, atua como diretor, editor e diretor de fotografia. Com mais de dez vídeo clipes, três documentários, três curtas e duas campanhas para prefeito e uma serie, tem como trabalho mais recente o curta metragem e álbum visual AUTOCURA para a banda Viratempo. Trabalhou como videomaker para a produtora Orvalho Filmes e hoje atua como editor e integrante da equipe criativa na produtora de videoclipes Multiforme.

SERVIÇO

RACISMO 013

Estreia em maio no canal YouTube “Racismo 013”: https://www.youtube.com/channel/UC74f3-b7sjDIea6sY33fv-Q

Link do teaser: https://www.youtube.com/watch?v=Bz-rjB0KBh4

Instagram: @racismo013

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