Cerca de 1 milhão de pessoas morrem no mundo, com 3 milhões de novos infectados por ano. Não, não estamos falando de Covid-19, mas sim do número de pessoas que sofrem de hepatites virais , doença silenciosa e que pode levar à cirrose, ao câncer de fígado e, consequentemente, à morte.

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Os dados são do Instituto Brasileiro de Estudos do Fígado e, devido a este número tão agressivo, este mês é realizado o Julho Amarelo, campanha de conscientização sobre as hepatites virais. “Essa é uma campanha muito importante para informar sobre as hepatites e também para poder detectar hepatites crônicas e, assim, iniciar um tratamento em tempo hábil para evitar sequelas graves”, comenta a Suzete Notaroberto, que atua como médica-endoscopista no Hospital Guilherme Álvaro, em Santos, e no ambulatório e consultório nas especialidades de gastroenterologia e hepatologia.

Segunda a médica, as principais hepatites virais são a B e C, que, juntas, respondem por cerca de 74% dos casos notificados de hepatites virais no país. “Para se ter uma ideia, sozinha, a hepatite C foi responsável por mais de 76% das mortes das hepatites virais, entre o ano de 2000 a 2018, conforme divulgado pelo Boletim Epidemiológico de Hepatites Virais, de 2020”, informa a especialista.

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Mas, a médica alerta que são seis os tipos identificados de hepatite virais: A, B, C, D (Delta), E e G. As dos tipos A e E só se manifestam de forma aguda, adquiridas por contaminação por alimentos, água contaminada e levando a mão contaminada à boca. A hepatite A é a mais comum principalmente em países em desenvolvimento, na maioria das vezes sem sintomas e de evolução benigna. Já a hepatite E é rara e mais grave quando acomete mulheres grávidas.

Porém as mais preocupantes, de acordo com a Dra. Suzete Notaroberto, são as hepatites B e C, pois podem se cronificar e levar à cirrose e ao câncer de fígado. “A transmissão das hepatites B, C, D e G são por contato com sangue e via relação sexual sem proteção, compartilhamento de materiais perfurantes ou cortantes como alicate de unha, tesouras e materiais cirúrgicos não esterilizados. A hepatite D acontece mais na região Norte do país e é um vírus que precisa do vírus da B. Agora, a hepatite G é mais rara e ainda está em estudos”, comenta.

Prevenção e tratamentos

A hepatologista Suzete Notaroberto diz que a prevenção é o caminho mais assertivo contra as hepatites virais. Essa ação é realizada por meio das vacinas (que estão disponíveis apenas para hepatite A e B), pelo uso de preservativo nas relações sexuais e pelo hábito de não compartilhar objetos de uso pessoal como alicates de unha, tesouras ou lixas.

“A vacina para hepatite B são em 3 doses: ao nascer, com 1 mês e com 6 meses. Ela faz parte do calendário do Ministério da Saúde. Para adultos, são vacinados profissionais da área de saúde, cosmética ou qualquer profissional que entre em contato com secreções ou sangue com risco de contaminação. Mas o médico também poderá solicitar a vacinação para um paciente caso julgue conveniente. Já a vacina da hepatite A é ministrada em 2 doses”, informa.

O tratamento dos casos de hepatites é feito com antivirais associados, que ajudam o sistema imune a produzir anticorpos. “Mas, existe uma situação rara que pode ocorrer em qualquer hepatite, mas principalmente na A e B, que é a evolução da doença para hepatite fulminante, um quadro grave que leva à falência do fígado e repercussão em todo o organismo. Nesses casos, é indicado transplante de fígado para cura da doença. Já para as hepatites B (associada ou não a D) e C, que evoluem para cronificação, ou seja, permanecem além de 6 meses, é necessário avaliar tratamentos mais específicos com antivirais mais fortes e outras ações”, salienta.

Julho Amarelo

A campanha Julho Amarelo foi instituída pela lei nº 13.802 de 2019, com o intuito de reforçar ações de vigilância, prevenção e controle das hepatites virais. A data instituída pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como o Dia Mundial de Luta Contra as Hepatites Virais é o dia 28 de julho.

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